Diz a ciência que o
nosso corpo altera-se por completo a cada sete anos. Passados esses
tantos anos desde que me estreei em banda desenhada, posso assegurar
que actualmente sou uma artista completamente diferente. Em especial
porque, após a entrada no sector, participando em antologias e
revistas, em exposições e eventos, decidi estudar a fundo os
princípios da Arte Sequencial, ao ponto de, inesperadamente, me ver
ocupada nos últimos anos a leccioná-los em (sete) acções de formação,
masterclasses e workshops.
Nesse
período, ajudei outros talentos a arrancar na área da narrativa
visual e sinto-me realizada por isso, tendo os meus ex-formandos
vencido prémios, realizado álbuns e desafiado-se de inúmeras
outras formas no sector. Em paralelo, também co-fundei o colectivo
Tágide, que contribuí para a comunidade com actividades e com a
antologia Outras Bandas, que entretanto foi reconhecida pelo público
leitor.
Todavia, estou
actualmente de volta ao estirador, agora munida do conhecimento que
me faltava antes, e cheia de ideias para novas BDs, de histórias
curtas a novelas gráficas. Para marcar esta nova fase, nos próximos
dias vou visitar por ordem editorial as minhas BDs iniciais.
Em 2012,
após participar nas ilustrações d'O Infante Portugal vol.3 e expor
desenhos da sua adaptação para banda desenhada no festival 23º AmadoraBD, fui convidada pelo autor/editor Fil (Asc. Tentáculo) a
criar uma história curta para a sua próxima antologia, Zona Nippon 2. Publicada em Abril 2013, no salão Anicomics, recebi feedback
positivo apesar de ser o meu primeiro trabalho na área.
Inclusivamente, em 2014 fui nomeada pelo júri especializado do XII Troféus Central Comics na categoria Melhor Obra Curta, alcançando o
2º lugar (cujo vencedor foi a dupla profissional de André Oliveira
e Jorge Coelho).
A
história, “Sayonara,” foi inspirada na então recente tragédia
de Fukushima e escrita na forma de haiku (poema japonês). Mostrei um
pai e filha a viajar por ruínas até ao local da sua antiga casa,
onde fazem as suas últimas despedidas à esposa/mãe falecida no
desastre.
A escolha do grafismo
foi tão fundamental no trabalho quanto a escrita do haiku, porque
quis que a arte insinuasse o realismo daquele drama e, esteticamente,
fizesse uma ponte para a economia de traço e valores tonais da
Estampa Japonesa. Podem ver alguns estudos e trabalhos em progresso
aqui.
Science says that our
bodies change completely every seven years. After those many years
passed since I started out in comics, I can assure you that I am a
completely different artist today. Especially because, after breaking
in the field, by participating in anthologies and magazines, in
exhibitions and events, I decided to study in depth the principles of
Sequential Art, to the point that, unexpectedly, I found myself busy
in recent years teaching them in (seven) comics courses, masterclasses and
workshops.
During this period, I
helped other talents try their hand in visual narrative and I feel
fulfilled by that, having my former strudent won awards, created
graphic novels and challenged themselves in countless other ways in
this area. At the same time, I also co-founded the Tágide
collectivety, which contributes to the community with activities and
with the Outras Bandas anthology, which has been recognized by the
readers.
However, I am currently
back at the drawing board, now armed with the knowledge I lacked
before, and full of ideas for new comics, from short stories to
graphic novels. To mark this new phase, in the coming days I will
tour my initial comics works in publication order.
In 2012, after
participating with illustrations in O Infante Portugal vol.3 and
showcasing drawings from its adaptation into comics at the 23rd AmadoraBD festival, I was invited by author/publisher Fil (Assc.
Tentáculo) to create a short story for his next anthology, Zona Nippon 2. Published in April 2013, at the Anicomics salon, I got
positive feedback despite it being my first work in the medium. In
2014, I was nominated by the XII Central Comics Trophies' jury for
the Best Short Comic category, reaching 2nd place (the winners were
the professional duo of André Oliveira and Jorge Coelho).
The story, “Sayonara,”
was inspired by the then recent Fukushima tragedy and written in the
form of haiku (Japanese poem). I depicted a father and daughter
traveling through ruins to their old home, where they made their last
farewells to the wife/mother, who died in the disaster. The choice of drawing
style was as fundamental in the work as the haiku writing, because I
wanted the art to help imply the realism of that drama and,
aesthetically, to bridge it to the economy of lines and the tonal
values seen in Japanese Print. Check out some studies and WiP here.
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