A
antologia Aurora Boreal em Reflexos Partilhados, coeditada
por
Kafre, do escritor José
de Matos-Cruz,
e por
Arga Warga, do autor Daniel
Maia,
com
trabalhos destes
e de
Fernando Vilhena de Mendonça, João Raz, José Bandeira, Nuno Dias,
Renato Abreu, do
mestre
José Ruy, e
meus, mereceu uma crítica
de
Hugo Pinto, no blogue Vinheta2020. Aqui fica parte
da análise:
“Devo
admitir que o alcance das histórias deste livro me surpreendeu (...)
pois não conhecia todo o envolvimento em torno da personagem de
Aurora Boreal. E talvez por esse motivo, fiquei quase atordoado com
toda a viagem onírica que esta personagem transporta consigo e que
está bem patente nas várias histórias que constituem esta
antologia.
Dito
por outras palavras, se esperam encontrar uma leitura simples e leve,
como é, muitas vezes, apanágio das antologias de banda desenhada,
Aurora Boreal em Reflexos Partilhados não será para vós. Por outro
lado, se apreciam poesia, questões do metafísico e banda desenhada…
é bem provável que devam conhecer esta antologia.
A
personagem que dá mote a estas histórias foi criada em 2012 por
José de Matos-Cruz e apareceu na sua trilogia de livros dedicados a
O Infante Portugal. É uma figura feminina e sensual, carregada de
elementos cósmicos, que a fazem parecer uma deusa do imaginário.
Não
diria que exista nestas histórias uma linha narrativa que nos conte
uma história concreta à volta da personagem. Ao invés, vão-nos
sendo dado abordagens diferentes que colocam Aurora Boreal em
variadas situações. Mas há sempre um toque de fantástico, de
exótico e de transcendente nestas histórias.
Em
muitos casos – não há como não – o leitor acaba por se perder
na própria premissa, já que a mesma é demasiado lata e abstrata.
No entanto, por vezes também sabe bem deixarmo-nos levar por
narrativas mais psicadélicas. É o caso.
O
estilo de ilustração que aqui podemos encontrar é expetavelmente
muito variado, dada a quantidade de autores que participam na
antologia. Destacam-se o belo estilo de sketch a carvão de Susana
Resende, o estilo realista de Daniel Maia, o estilo mais clássico de
José Ruy, ou a abordagem mais estilizada e abstrata de Renato Abreu.
Como
história, propriamente dita, fiquei agradavelmente surpreendido com
“Aurora Boreal e o Reverso do Universo,” com desenho de José
Macedo Bandeira, que nos dá um belo conto ambientado na temática de
Fernando Pessoa.
Já
quanto aos desenhos, enquanto confesso fã das ilustrações de
Daniel Maia, posso dizer que as mesmas não desiludem e que revelam
como o autor é virtuoso na execução de belos desenhos. Além
disso, também tem a capacidade para ilustrar vários tipos de
ambientes e histórias diferentes, o que revela que é um autor com
um potencial enorme, ainda por explorar.
Em
termos de edição, tendo em conta que é independente, parece-me que
o trabalho é bastante decente. Este livro a preto e branco tem capa
mole e um papel brilhante que me parece adequado. (…) Em suma,
Aurora Boreal em Reflexos Partilhados, pelo universo
alegórico-fantástico que traz consigo, é uma antologia bastante
original na sua génese. Nem sempre de fácil de leitura, relembro,
mas audaz nos intuitos de significados profundos que procura
atingir.”
Muito
obrigada pela crítica sincera!
The
anthology Aurora Boreal in Shared Reflections, co-published by Kafre,
of writer José de Matos-Cruz, and by Arga Warga, of author
Daniel Maia, with works by them and Fernando Vilhena de
Mendonça, João Raz, José Bandeira, Nuno Dias, Renato Abreu, by
master José Ruy, and mine, was reviewed by Hugo Pinto, on
Vinheta2020 blog. Here is part of the analysis:
“I
must admit that the scope of the stories in this book surprised me
(...) because I didn't know all the involvement around the character
of Aurora Boreal. And maybe for that reason, I was almost stunned
by the dreamlike journey that this character carries with her and
that is very clear in the various stories that make up this
anthology.
In other words, if you expect to find a simple and
light reading, as is often the hallmark of comic book anthologies, Aurora Boreal in Shared Reflections will not be for you. On the
other hand, if you appreciate poetry, metaphysical issues and
comics... it is very likely that you should know this anthology.
The
character that sets these stories in motion was created in 2012 by
José de Matos-Cruz and appeared in his trilogy of books dedicated to
O Infante Portugal. She is a feminine and sensual figure, full of
cosmic elements, which make her seem like a goddess of the imaginary.
I
wouldn't say that there is a narrative line in these stories that
tells us a concrete story around the character. Instead, we are given
different approaches that place Aurora Borealis in different
situations. But there is always a touch of the fantastic, the exotic
and the transcendent in these stories.
In
many cases – there is no way not – the reader ends up getting
lost in the premise itself, as it is too broad and abstract. However,
sometimes it also feels good to let yourself be carried away by more
psychedelic narratives. It is the case.
The illustration style
that we can find here is expected to be very varied, given the number
of authors participating in the anthology. The beautiful charcoal
sketch style of Susana Resende, the realistic style of Daniel Maia,
the more classic style of José Ruy, or the more stylized and
abstract approach of Renato Abreu stand out.
As
for the story itself, I was pleasantly surprised by “Aurora
Boreal e o Reverso do Universo,” with a drawing by José Macedo
Bandeira, which gives us a beautiful tale set on the theme of
Fernando Pessoa.
As
for the drawings, while I confess to being a fan of Daniel Maia's
illustrations, I can say that they do not disappoint and that they
reveal how the author is virtuous in the execution of beautiful
drawings. In addition, he also has the ability to illustrate many
different types of environments and stories, which reveals that he is
an author with enormous potential, yet to be explored.
In
terms of editing, taking into account that it is independent, it
seems to me that the work is quite decent. This black and white book
has a soft cover and a glossy paper that I think is suitable. (…)
In short, Aurora Boreal em Reflexos Partilhados, due to the
allegorical-fantastic universe it brings with it, is a very original
anthology in its genesis. Not always easy to read, I remind you, but
bold in the intentions of deep meanings that it seeks to
achieve.”
Thanks so much for the honest review!